A merenda escolar foi o tema da audiência pública desta terça-feira (18), na Câmara de Vereadores. Por iniciativa do vereador Miltinho, o encontro reuniu o professor e coordenador da 5º Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Francisco Elifaiete Xavier, a secretária Municipal de Educação (SME), Ana Berenice dos Reis, a coordenadora do setor de Alimentação Escolar da SME, Fabrina Mendonça, e a representante do 24º Núcleo do CPErs, Sônia Solange. A secretária informou que o Executivo vai enviar ao Parlamento um Projeto de Lei (PL), para que esta verba seja incorporada ao Orçamento de 2008 e dessa maneira, a Prefeitura poderá realizar o repasse às escolas estaduais.
Atualmente a SME é responsável pela distribuição dos gêneros alimentícios às instituições de ensino de Pelotas. São cerca de 100 educandários com mais de 23 mil alunos. Com municipalização da distribuição dos alimentos, cerca de 49 escolas do Estado serão acrescentadas à demanda da secretaria, totalizando aproximadamente 50 mil alunos.
Propositor da audiência, Miltinho ressaltou que os alunos são mais prejudicados com a situação, já que para grande maioria, a merenda escolar é a única refeição do dia. "Não podemos deixar as crianças passando fome, literalmente, na porta da dispensa", disse. Na concepção do vereador, a municipalização da merenda escolar prejudicou o repasse da verba destinada pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), às escolas estaduais. "Pelotas tem uma rede muito grande de escolas, e com a municipalização, este número vai duplicar. Conseqüentemente, o repasse que mensalmente ocorre de forma satisfatória aos educandários municipais, ficará prejudicado para escolas estaduais", afirma Miltinho. O vereador propôs que o prefeito decrete estado de calamidade ou urgência, para poder comprar a merenda sem realizar licitação.
Em contato com o Ministério da Educação (MEC), Martins confirmou que não há possibilidade de reverter o termo de municipalização assinado pelo prefeito Fetter. O sistema de distribuição adotado pelo município também não favorece. "A distribuição de merenda em Pelotas se dá de forma 'centralizada'. O município compra a merenda, armazena e depois repassa às escolas. Conforme informações de Brasília, com o aumento significativo destas instituições e dos alunos, é pouca a probabilidade de repassar a verba direto às escolas do estado nesse tipo de sistema, já que esse dinheiro não está previsto no orçamento deste ano", explica. O legislador se colocou à disposição para buscar alternativas para solução deste problema.
De acordo com o professor Francisco Elifaite Xavier, a partir do momento que a municipalização foi assinada, o Estado não tem mais responsabilidades sobre o repasse da merenda. "No entanto, não podemos virar as costas para comunidade escolar", ressaltou o coordenador. Segundo Xavier, Pelotas foi à única das 18 cidades atendidas pela 5ª CRE a aderir a municipalização. Momentos antes de participar da audiência, Xavier recebeu informações do Ministério da Educação de que é possível que os repasses sejam feitos de forma direta. "Estou trabalhando nessa perspectiva e acredito que se possa resolver o mais rápido possível essa situação", concluiu. O Coordenador da 5ª CREA, salientou que desde janeiro a verba está a disposição do paço Municipal.
A secretária Ana Berenice revelou que tomou conhecimento da situação apenas no último dia 4. Na interpretação da titular da SME, o prefeito deve ter se "enganado" ao assinar o termo da municipalização. "Acredito que ele pensou estar colaborando para melhoria no processo de distribuição da merenda. O prefeito ainda tentou reverter o documento, mas por lei, depois de assinado, temos de dar os andamentos legais". A secretária informou ainda que o Legislativo receberá em poucos dias um Projeto de Lei (PL), para que esta verba seja incorporada ao Orçamento de município. Com o montante previsto no orçamento, a secretária poderá repassar o recurso direto às escolas do Estado. "Acreditamos que essa possa ser uma alternativa para resolvermos a problemática", disse Berenice.
O vereador Miltinho disse que tão logo esse documento chegue à casa do povo, o Parlamento irá analisar e tomar as providências necessárias.
Também participaram do debate, representantes dos conselhos escolares, diretores, pais e alunos da rede estadual e municipal.